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Amazônia, Brasil, 05 de setembro de 2019

Por Luzenice Macedo


Foto: Racciele Olivas

Querido diário, por esses dias me chamaram para falar sobre a Amazônia – Hoje é dia dela. Eis-me

aqui para iniciar o intento. É que a Amazônia ganhou os holofotes do mundo porque está em chamas. Há evidências que produtores de uma região do estado do Pará combinaram uma queimada no mesmo dia (10 de agosto) para chamar atenção. Conseguiram! Foi num lugar chamado Novo Progresso. E o jornalista que denunciou está ameaçado de morte. As imagens são chocantes, mas há quem negue!


Historicamente, o modelo de indução de desenvolvimento empreendido na Amazônia brasileira, que é a que eu mais conheço, incentiva a ocupação de grandes latifúndios e a expansão de grandes eixos de integração. Em comum, essas estratégias têm o fato de relegarem o planejamento ambiental prévio e a integração efetiva de políticas. Sabe quando a gente conhece uma rota e insiste nela? É isso, a gente não tem a ousadia de construir outra rota. Então, como construir um modelo com a floresta e a gente em pé?


Na Amazônia, a aceleração do processo de degradação dos ecossistemas é fator de empobrecimento de muitos, sob todos os aspectos. De uma lado, resulta em degradação dos recursos hídricos e tudo o mais associado a água, portanto, à vida; de outro, empobrecendo as comunidades e os povos da floresta cujos modos de vidas são fortemente vinculados à natureza, desenvolvendo o extrativismo e a pesca, por exemplo, que tem forte impacto negativo decorrente da degradação ambiental. Por esses tempos, o Governo Federal do Brasil degringolou o Sistema Nacional de Meio Ambiente, demonizando e perseguindo seus agentes, só para ilustrar a quadra da história em que vivemos.


Sabe como a gente tem explorado a Amazônia? A gente derruba a floresta para a agricultura e pecuária num modelo que impõe a retirada da vegetação e tem induzido, historicamente, o desflorestamento. Em adição, o uso do carvão, como fonte de energia a todo tipo de atividade e a exploração mineral provocam alterações na relação água-floresta e, portanto, no regime hidrológico, reduzindo a diversidade biológica e genética, favorecendo a erosão dos solos e provocando o assoreamento; o que impõe novas expansões a quem ganha dinheiro com esse modelo.


Tem outra coisa: é 2019 e a gente não se sente mais da floresta! A gente nem sente mais que é a própria floresta. As sociedades evoluíram para um modelo de vida em que, simplesmente, elas se

acham despregadas do ambiente. Tem lástima maior?


Mas hoje é aniversário da Amazônia. Nos aniversários a gente deseja o melhor, não é mesmo? Então eis aqui o meu desejo:


Que as pessoas aprendam que nossa vida depende da floresta, mesmo morando na urbe (pro pessoal da 5ª série)

Que a gente aprenda que ela vale mais com a floresta em pé.

Que a Amazônia seja melhor conhecida, sua natureza, dinâmicas, recursos e serviços que presta à humanidade.

Que o mundo compreenda e banque a conta, também, pelos serviços ambientais da Amazônia para o equilíbrio do clima.

Que a gente construa um modelo de desenvolvimento baseado em restauração florestal e respeito aos povos da floresta.


Em tempo, isso só acontecerá com ciência, tecnologia e inovação!


Feliz dia da bióloga, também! Esse ser estranho com a mente forjada para compreender a vida, que

anda bem puxada!


 

Luzenice Macedo Martins é bióloga, MSC em Saúde em Ambiente, Consultora Legislativa da Assembleia Legislativa do Maranhão e fundadora do Instituto Maranhão Sustentável

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